pequenas histórias de um pequeno símio que nasceu sem querer e que sem que também o queira irá um dia morrer
domingo
Saturday night fever
Suspiro Pacheco, 38 anos feitos há oito dias, está no escritório e deita a mão para a descansar. Súbito, nem teclado, nem security option, nem reinitiate. Uma fortíssima dor de cabeça a puxá-lo para trás e a arremetê-lo para a frente, os dedos a mexer por espasmo num juízo próprio e remoto e, já sem remédio, a cabeça a tombar, solta, entre o V e a vírgula. O gato não o lambe porque a janela está fechada. Os pais, cada um no seu maple de couro, sorriem com a última situation comedy da 8. Passa pouco das 10 da noite e é uma sexta-feira.
Três dias depois, foi Sócio quem pôs a chave à porta. A cabeça de Pacheco pesa no teclado sem qualquer fio de sangue, a boca aberta parece engolir ar e os braços tombam. A gravidade não tem falhas. O écran ainda dardeja. Por um momento, Sócio não mexe um músculo. Depois, trata de se desembaraçar da garrafa de Ballantine's e dos papelinhos, despeja o cinzeiro atulhado, percorre e esvazia os bolsos e as gavetas. Por fim, pega no telefone.
- Sr. Polideuco?
Houve que quebrar-lhe as pernas e os braços. Três homens sentaram-se-lhe em cima para endireitar a coluna em conformidade.
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