sábado

A ravina


Ele tinha andado alguns passos ao luar quando desembocou naquela mão. Ela espetava-lha na cara e deixava-a lá por um instante. Logo a seguir outra que o deixa quase tombado. Ele desata a berrar nomes e agarra-lhe um braço. Ela marca-o pela terceira vez. Tem uma mão pequena. Para ali é a ravina, depois o mar. Ele está bêbado e ela berra-lhe.
- Se te queres matar, mata-te! Mas amanhã, quando estiveres sóbrio.
Agora ela agarra-o pelas golas do casaco. Ele é maciço, mas permanece curvado. O homem urra. E ela berra-lhe novamente.
- Amanhã.
De pé ele parece um pouco de granito. Os olhos por terra. Então ela volta a a levantar a voz.
- Quero ver com estes olhos, à luz do dia - para ela a autenticidade não prescindia da luz dos olhos. Depois desapareceram na noite e não se ouviu nenhum outro brado, apenas o riso das rajadas e um vento que engrossava.

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