Sirenes, tiros e a grande atroada das Torres que gemiam pelos seus filhos, tudo ouvi sem ir à janela, já não vou à janela.
- Que idade tem? perguntou-me a miúda. - Quarenta e oito anos, Natércia, porquê? - O meu tio tinha quarenta e seis e morreu ontem. Natércia tem dezasseis anos, durante a noite perdera o tio. Desta vez não houvera tempo, ninguém se apercebera até acontecer. De um momento para o outro a polícia estava por todo o lado e a confusão instalava-se em Torres aLx. O tio da Natércia, vim a saber, tivera tempo para engolir a droga que lhe rebentara no estômago, matando-o. Durante uma semana Natércia dormiu no quarto da avô. - Lamento, Natércia.
- Professor? - Sim, Natércia. - Quer ver a prenda que comprei para o dia da mãe? - Quero, Natércia, disse eu. - A minha mãe acha que lhe vou dar um ramo... - Olhe! Abriu um bauzinho azul-escuro e de entre o algodão retirou um fio com dois corações soldados na diagonal de quinquilharia a imitar ouro.
- Leia! Li, na parte que pousava sobre o peito dizia apenas 'irmãos para sempre'. Fiquei muito calado a sorrir com ar de parvo para a Natércia, a seguir disse-lhe: é lindo, Natércia.
Não era, era horrível. Mas eu nem fora à janela.
- Leia! Li, na parte que pousava sobre o peito dizia apenas 'irmãos para sempre'. Fiquei muito calado a sorrir com ar de parvo para a Natércia, a seguir disse-lhe: é lindo, Natércia.
Não era, era horrível. Mas eu nem fora à janela.
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