Ela fitou-o indignada, com os olhos que Deus lhe dera como jóias fundas, negras, implacáveis. Ele limitou-se a devolver-lhe um espelho azul-claro, os lábios entreabertos, tensos naquele sorriso nem sim nem não, os olhos largos para que ela neles coubesse. Ela remirou-se, a sua imagem a revolver-se naquele claro de olhos e algo nela cristalizou como o gelo.
Ele não tinha esse direito, na realidade ele nada tinha de seu, e que ele envergasse olhos translúcidos de bebé que agora a reflectiam era uma desonestidade da natureza. Nesse momento, rasgou-o de cima a baixo.
- Não, ele nunca poderia ter-me dentro dos olhos, disse a desenhadora apartando o cabelo e deixando cair as duas metades da folha no cesto do lixo.
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