pequenas histórias de um pequeno símio que nasceu sem querer e que sem que também o queira irá um dia morrer
quinta-feira
Sobretudo em Torres aLx
- Não olhes agora, murmuraram-lhe.
Todo o seu instinto inclinava o desabe, foi coisa de segundos. Talvez houvesse um revólver, fosse ele um ponto na linha de tiro que porventura começaria atrás de uma sebe, do lado oculto de uma esquina. Talvez. Mas tudo era apoucado naquela decisão da vontade, repugnante ao instinto. Não olhou. Faria de conta que nada lhe fora dito. Logo, logo, conheceria a impossibilidade de perigo imediato, caso em que pedirem-lhe para não olhar seria apenas despropositado. Mas isso seria depois.
Então, coisa de segundos, apenas o rodar quase dos ombros e do pescoço, quase, quase o virar dos olhos, depois, a acalmia súbita, os músculos tendidos, firmemente travados, a ideia de perigo enfrentado, dominado, tornando tão mais pungente a vitória. Era deliberadamente que o Três Dedos submergia naquele pequeno triunfo da vontade, não olharia, que mais lhe poderia dizer o mundo, acaso mais importante?
Teve a certeza de que a haver revólver, o tiro falharia a linha.
Depois, o Três Dedos sabia que a vida exige o tiro, sobretudo em Torres aLx.
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